segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

"se os nossos sentidos fossem perfeitos...

...não precisávamos de inteligência; nem as ideias abstractas de nada nos serviriam."



Há coisas que são tão imperfeitas. Esta fachada é uma delas. Por mais estranho que vos possa parecer é das minhas fachadas favoritas de toda a Lisboa. Não é a mais bonita, não é simétrica, não está ladeada de lindos jardins nem muito menos fica numa grande alameda preenchida com grandes copas de árvores.

Faltam-lhe azulejos, tem dois "respiradouros" que a deformam e nem mesmo o sol a beija e abraça de forma uniforme. Mas é nestes pequenos grandes defeitos e na sua surpreendentemente simples graciosidade que reside toda a sua beleza.






Samuel Barber - Adagio for Strings, Op. 11


A Imperfeição dos Nossos Sentidos
"Se os nossos sentidos fossem perfeitos, não precisávamos de inteligência; nem as ideias abstractas de nada nos serviriam. A imperfeição dos nossos sentidos faz com que não concordemos em absoluto sobre um objecto ou um facto do exterior. Nas ideias abstractas concordamos em absoluto. Dois homens não vêem uma mesa da mesma maneira; mas ambos entendem a palavra «mesa» da mesma maneira. Só querendo visualizar uma coisa é que divergirão; isso, porém, não é a ideia abstracta da mesa."
Fernando Pessoa, in 'Ricardo Reis - Prosa' [aqui]

5 comentários:

  1. David: a sua mensagem é magistral e transparente, como um diamante.
    Abençoado o ser merecedor do seu amor! (:

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  2. "O prazer do amor é amar e sentirmo-nos mais felizes pela paixão que sentimos do que pela que inspiramos."

    La Rochefoucauld

    É mais ou menos isto!

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  3. :) leio o teu blog há muito tempo, parabéns!

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