quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

ensaio sobre o ódio

puro e duro, como se querem os ensaios e os ódios


A mais cristalina das verdades é que, até há muito pouco tempo, nunca o meu ser (poço infinito de calma e tranquilidade) tinha nutrido por alguém esse tão feio e amargo sentimento a que chamamos ódio. Era coisa de que me gabava, nas conversas entre amigos e conhecidos, o mui nobre facto de nunca ter odiado alguém! Claro que há por aí uma mão cheia (ou várias, para ser verdadeiro) de badamecos por quem, resultado da minha alva personalidade, apenas tenho um profundo desprezo. (Atenção, sabem-no os mais chegados que não sou o tipo mais carinhoso e falador do mundo, o que quer dizer que lá por estar eternidades sem vos dizer nada, vos esteja a incluir neste circo de badamecos.) Desprezo e pena.

Como na minha vida tudo acontece abrupta e exageradamente, neste assunto também o destino se encarregou de adjectivar da mesma forma este meu recém chegado sentimento. Não é que o estapor, talvez num gesto de gradeza e generosidade neste momento totalmente incompreensível para mim mas que eu, mais cedo ou mais tarde, irei provavelmente agradecer, tratou de elevar ao cubo o meu ódio! É verdade, o destino presenteou-me não com o primeiro mas com os primeiro, segundo e terceiro ódios de estimação!

Ah *olhar louco enquanto esfrego as mãos em antecipação*!!!!!

Estão a ver aquelas pessoas que se vocês, sentados ao volante do vosso carro, vissem no meio da estrada vos causariam uma amnésia tal que, a vida tem destas coisas, confundiriam o pedal do travão com o do acelerador. Eu, qual personagem do mítico Carmageddon, teria pontos extra por atropelar três peões de uma só vez!!! 

Pelo sim pelo não, tenho limitado as minhas viagens de carro ao percurso casa-trabalho-casa, é que sou muito novo e (modéstia à parte) mal empregadinho para ir parar à prisão! A única prisão que me deixa feliz é a do Monopólio, sobretudo quando os adversários compram as ruas mais caras e as enchem com hotéis: malditos patos bravos de tabuleiro!

12 comentários:

  1. Deixa-te de ódio, que faz mal aos fígados e às rugas. Dedica-te antes à indiferença, que para além disso tem efeito mais nefastos no alvo ;)

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  2. Bolas, andamos na mesma fantasia atropeladora! Até já escolhi o veículo de eleição, e tu?

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  3. Pedro, há coisas em relação às quais não podemos ficar indiferentes... Mais feliz seria se os três asnos indiferentes me fossem!! :/

    Ora, Rachelet, será com o meu carro! Assim c'mássim tenho o pára-choques dianteiro para pintar fruto da total anarquia que é o estacionamento em Sintra. Dessa anarquia e de americanos em carros sem mudanças automáticas!!

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  4. Home, mas por muito pouco amor que tenhas ao teu veículo, será que faz mossa suficiente? Se calhar investias numa carta de pesados, hã? :)

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  5. Bem, sempre posso subornar um qualquer motorista de autocarros com travesseiros, entregar-lhe fotos A3 e esperar calmamente que se faça justiça!

    :p

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  6. Verdade, mas depois estás a envolver terceiros na vendetta - e o senhor motorista é que se vê em sarilhos.

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  7. Hum, bem visto (é sempre bom ter amigos "preparados" para o mundo do crime!!

    Vou optar pela ideia original e depois alegar insanidade temporária!

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  8. Uma vida na zona saloia deixa-nos preparados para muita coisa.

    Assim cm'assim, em Portugal safas-te com tudo em pena suspensa. Viva!

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  9. Eu cresci no Alentejo, há lá raça mais desenrascada?! :D

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  10. É mais «eu fico aqui sogadito à espera que se desenrasquem», mas ei, if the ends justify the means...!

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  11. vai por aqui:

    não sei se o que começaste a "ler ontem" tinha alguma coisa a ver com o comentário que deixei no blog "balão de ar"...

    de qualquer maneira serviu a dúvida para vir espreitar o teu lugar. e gostei:)

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  12. Voltei a agarrar no fio da navalha, este verão tinha parado num jantar já não me lembro bem em casa de quem (há por aqui uma entrada sobre isso).

    O livro é delicioso :)

    Obrigado pela visita, volta sempre :)

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