quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

procrastinar

Estive uma hora a personalizar o primeiro ecrã do meu telemóvel. Só me faltam quatro!


É um dom, cada um tem o seu e o meu é este. A maravilhosa arte de colocar em espera, para mais logo, em ad eternum as coisas que podia fazer já.

Mas também, hoje é dia 29.02! Só acontece de quatro em quatro anos. Acho que deveria ser feriado.

hoje, se me virem na rua

não me digam nada



a vantagem de ser ninguém

"Ai! meus amigos, é NINGUÉM que me mata, é NINGUÉM!" - «Então, dizem eles, se ninguém te faz mal, de que te queixas? O teu mal não tem remédio, e não lhe sabemos a causa. Tem paciência e sofre com resignação...»

 [fonte]
«A tarde chegava. Volta o ciclope com os seus rebanhos. Abre e fecha a porta formada com o penedo. Trata dos arranjos da ceia, e mais dois companheiros, dois amigos, vejo sumir nas goelas do gigante. Quando o julguei satisfeito, aproximei-me e, pegando no odre de vinho, disse-lhe:
- «Ciclope, bebe este vinho, que já comeste carne humana demais. Trazia-o para outro fim, bebe-o tu, que te há de saber bem, e vai pensando no mal que fazes a esta ilha, onde certamente nenhum homem se atreverá a vir sabendo a desumanidade da tua conduta...
«Nem respondeu. Emborcou a taça a transbordar de vinho que eu lhe apresentava. Pediu mais. Bebeu segundo copo.
«Falou-me então quase afectuosamente, elogiou o vinho, perguntou o meu nome, e prometeu dar-me um presente, como mandam e exigem as boas tradições da hospitalidade. Ofereci-lhe outra dose de vinho. Quando, meio cambaleante, me abraça quase, disse-lhe com extrema doçura:
- «Ciclope, perguntas-me o meu nome. É muito conhecido. Mas já que o ignoras, vou-to ensinar, e trás depois de me entregar o presente prometido. Chamo-me NINGUÉM; meu pai e minha mãe chamavam-me assim, e todos os meus companheiros me chamam NINGUÉM.»
- «Ah! sim, respondeu o ciclope. Pois já que te chamam NINGUÉM, NINGUÉM será o último de vocês todos que eu devorarei. É esse o meu presente!»
«Ao acabar de dizer estas palavras, tombou para o lado, a cabeça dobrada sobre o ombro, ébrio de todo. Um sono profundo o toma, e ressona estrondosamente. Não perco um minuto: - vou buscar a estaca preparada, aqueço-a na cinza ardente, e estimulo a coragem dos meus companheiros. Juntamos as nossas forças, e no olho cerrado do ciclope enterramos o madeiro pontiagudo. Faço andar à roda, como penetrante verruma. E, antes mesmo que o ciclope acordasse, já o tínhamos cegado.
«Mas desperta por fim, e começa a bramir raivosamente, torcendo-se de dores. Afastámo-nos para longe, não fosse ele deitar-nos a mão! O monstro gritava por socorro, chamava aflitivamente ou outros ciclopes. Vêm todos, acodem todos, e do lado de fora do antro, fechado ainda, interrogam-no:
- «Que te aconteceu, Polifemo? Porque nos acordas no meio da noite? Quem te faz mal? Alguém atenta contra a tua vida?»
«O terrível Polifemo responde lá de dentro: - "Ai! meus amigos, é NINGUÉM que me mata, é NINGUÉM!" - «Então, dizem eles, se ninguém te faz mal, de que te queixas? O teu mal não tem remédio, e não lhe sabemos a causa. Tem paciência e sofre com resignação...»
«E voltaram para as suas cavernas, enquanto eu ria ao pensar na bela ideia que tivera, baptizando-me com o nome de NINGUÉM...
« Furioso, Polifemo arrastou-se até à entrada da caverna, empurrou o pedregulho que a tapava, e sentou-se no limiar, abrindo os braços. Imaginava ele que eu era bastante imprudente para fugir logo. Não, não era ocasião para tentar o destino! Por isso, inventei outro estratagema, que nos salvou.
«Tinha o ciclope, nos seus grandes rebanhos, bodes de forte corpulência. Escolhi os mais gordos, cuidadosamente, e atei-os três a três. Os do meio levavam cada um, agarrado à espessa e comprida lã da barriga, um dos meus camaradas. O bode mais gordo reservei-o para mim. Segurei-me também à sua lã, na mesma posição, e enchi-me de coragem. Mas ficámos quietos até ao amanhecer... Rompeu o dia, e o ciclope chamou o rebanho para o fazer sair. Os animais passavam ao alcance das suas mãos. Apalpava-os no dorso, acarinhava-os, e, por fim, deixava-os sair. Não desconfiou da nossa manha! Corriam os bodes, e lá iam com eles os prisioneiros de Polifemo! O último a sair foi o meu. Polifemo, que o preferia a todos, acariciou-o longamente e queixou-se-lhe da minha vingança:
- « Ah! soubesses tu, exclamava, onde pára o tal patife chamado NINGUÉM e decerto mo dirias. Se lhe deito a mão, esborracho-o e engulo-o num abrir e fechar de olhos. Ao menos, castigaria a infâmia que ele praticou, cegando-me e zombando da minha credulidade.»
(...)
E dentro em breve, sem que não tivéssemos uma última vez amaldiçoado o ciclope, que lá no alto ainda se lamentava furioso, gritando: "NINGUÉM! NINGUÉM!", o nosso barco sulcava o mar que gemia sob o compasso lento dos remos...

(Adaptação em prosa do poema de Homero por João de Barros, Livraria Sá da Costa)

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

--'

Estou a ler a versão super-hiper-mega adaptada d' "A Odisseia". Ia jurar que está preparada para o ensino básico!!!

Está a ser agradável pois sabe Deus o que sofri a ler "Os Lusíadas"... Mas estou a fazê-lo com um dicionário ao lado. Se numa mão aprendo palavras novas e tento memorizar sinónimos muito mais pomposos (e que, não me sendo estranhos, não fazem parte do meu vocabulário diário) para as que já conhecia, na outra não posso deixar de me sentir meio idiota. E se isto é mesmo para miúdos e eu tenho de o ler com um dicionário?!?!?

PS: escolhi esta versão porque a estou a ler no trabalho, entenda-se. Ler os clássicos na sua forma integral aos pouquinhos, enquanto se trabalha ou se vai no caminho, não é muito agradável. E eu sei-o porque já o fiz.

A ODISSEIA

AVENTURAS DE ULISSES
HERÓI DA GRÉCIA ANTIGA

1
TELÉMACO E OS PRETENDENTES

Os Gregos eram ricos e gostavam de ser ricos. Mais estimavam, porém, a beleza. E por isso Helena, esposa de Menelau, rei de Esparta, que era a mulher mais linda da Grécia, e cuja formosura deslumbrava o Mundo inteiro, reguardavam-na como tesouro sem par. Assim, ficaram indignados e furiosos no dia em que os Troianos, - povo do outro lado do mar que banha as costas ocidentais da Grécia - ciosos de tal fortuna, roubaram Helena e. com ela, ouro e prata aos montões. Logo resolveram os Gregos reconquistar o que lhes pertencia, tanto mais que os seus reis e chefes tinham jurado ao pai de Helena nunca a deixarem sair de junto do marido, nem da terra natal.

Preparam os barcos, armaram soldados, e navegaram em demanda de Tróia. Ali chegados, puseram cerco à cidade.

Ulisses, rei de Ítaca, acompanhava-os.

Ítaca é uma ilha do Mar Jónico, cujo povo amava e prezava o seu rei. Não era Ulisses muito amigo de batalhar. Diz-se que se fingira louco para não pegar em armas, e que, na hora em que o chamaram para a guerra, como quem não entende o que lhe pedem, foi lavrar um campo das suas herdades com a charrua afiada. Mas os outros gregos puseram Telémaco, filho de Ulisses e ainda então pequenino, diante da charrua. Ulisses, com receio de feri-lo não se atreveu a continuar. E os companheiros disseram logo:
- Não é doido quem sabe poupar a vida aos filhos. E obrigaram-no a partir...


(Adaptação em prosa do poema de Homero por João de Barros, Livraria Sá da Costa)

ego egO eGO EGO

ou o quão linda é a minha marquise!!!





MARINA AND THE DIAMONDS | ♡ "HOMEWRECKER" ♡

hum?!


Nunca mais é domingo...

Donnez moi une suite au Ritz, je n'en veux pas!
Des bijoux de chez CHANEL, je n'en veux pas!
Donnez moi une limousine, j'en ferais quoi?
Je Veux, d'l'amour, d'la joie, de la bonne humeur,
ce n'est pas votre argent qui f'ra mon bonheur,
moi j'veux crever la main sur le coeur




Zaz - Je Veux

jakandjil.com

ou o único blogue de moda que vale a pena seguir




segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

zaz - isto é tão bom

o problema não é a quantidade

é a qualidade


Nem sei se pegue pela natural preguiça de touro se pela costela alentejana, o que é certo é que há alturas na minha vida em que parece que estagno.Quando digo que estagno quero dizer que fico lerdo, burro mesmo. É numa dessas alturas em que me encontro agora. Basicamente o que se passa é que quanto mais entediado estou por não estar a fazer nada mais entediado fico e, proporcionalmente, menos vontade tenho de fazer alguma coisa. É tipo bola de neve.

Ora o que me mantém à tona nestas alturas são as pessoas que me rodeiam. Nunca acho que são demais, ou melhor, até este fim de semana nunca o achei! Neste momento chegam-me os dedos das mãos para contar as pessoas que incluo no meu círculo mais íntimo e basta-me outra mão para as que conheço e quero que se juntem a esse círculo. Pela primeira vez na vida tenho lotação limitada para os amigos (à séria) e garanto-vos que das vagas que ainda tenho disponíveis poucas estão por ocupar!

É uma decisão difícil, ou melhor, foi uma decisão difícil. Porque já está tomada. Pouco a pouco volto a ser o David que era há uns meses atrás.

Como diria a minha professora de História sempre que chegava o dia de receber os nossos trabalhos (devo-lhe a paixão pelo Português Suave), "quantidade não é sinónimo de qualidade!"

e quando baixei o braços

chegou a cavalaria


Quase ninguém vai entender isto mas tenho de o dizer em voz alta :)

só contigo



Nouvelle Vague - Ever Fallen In Love

domingo, 26 de fevereiro de 2012

sábado, 25 de fevereiro de 2012

lisboa #2




portuguese kitsch




a mais linda rua de lisboa





lisboa #1


baixar os braços

e chega uma altura na vida em que nos damos por vencidos


Não na guerra mas numa batalha. É esta a altura! É este o momento de retirar as tropas e esperar pela misericórdia do inimigo. Porque também é necessário saber perder, sair de cabeça erguida depois de uma batalha justa (se é que existe tal coisa) e preparar as armas para a próxima.


War Requiem - Britten - Barcelona - 2004 - Mstislav Rostropovich. PART 11 final

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

os erros ortográficos


o bloco de notas e o acordo ortográfico

Sempre dei erros ortográficos. Só eu e Deus (*drama*) é que sabemos o esforço que faço para que tal não aconteça. Li algures (referências bibliográficas, datas e nomes de famosos também não são o meu forte) que escrever à mão ajuda. E tenho escrito muito!

Mas quantas e quantas vezes acabo de escrever uma entrada aqui no blogue e vou ler e descubro erros? Muitas, asseguro-vos. No entanto, o grande problema é que estas inspirações descem até mim ou quando estou já deitado ou no trabalho. Como resultado acabo por escrever estas coisas no bloco de notas do telemóvel ou no do Windows. Se o faço na cama já só tenho meio cérebro a funcionar, se o faço no trabalho é feito a correr nos tempos que tenho menos ocupados. No meio disto tudo o acordo ortográfico, eu há palavras que já nem sei como escrever. O meu cérebro luta entre o que aprendeu na escola com o que lê por aí e fico confuso.

Juntemos a tudo isto o facto de aqui no trabalho o corretor ortográfico do word estar em inglês (tudo o que escrevo ou está sublinhado a vermelho ou simplesmente não é corrigido) e o copia e cola constantes e temos erros ortográficos. Felizmente tenho quem, via SMS ou facebook me avise. Não se acanhem de me corrigir os erros, muito pelo contrário, fico-vos grato.

Pior que isto tudo, no entanto, foi que esta manhã estive quase 10 minutos à procura do carro porque não me lembrava onde o tinha estacionado.


Adriana Calcanhoto - Do fundo do meu coração (ao vivo)

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

hiperventilar antes de ir para a cama


Simone - Seda pura

the future is analog


não julgo um livro pela capa


e estou, claro, a falar de pessoas

Os meus amigos não são bonitos nem feios, não são nem magros nem gordos. Bem, há um excepção!

Todos deviam ter uma amiga Eva. Ele nem lê isto não pensem lá que a estou a engraxar! Ontem à noite estava a dar uma vista de olhos pelos meus amigos, colegas e conhecidos do facebook e passo pela foto de perfil dela. Tem tudo para ser a mulher mais linda do mundo. E é! Partilhamos paixões e ódios!

Mas não vos falo sobre a Eva nesta entrada. Falo-vos de um quadro que tenho à entrada de casa. Um quadro pequeno de o mais british kitsch que possam imaginar (que eu tanto amo). Tenho uma tia que mora em terras de sua majestade e que sabe da minha paixão por estas tralhas. Da última vez que cá esteve trouxe-me uma caixa cheia de bugigangas compradas nas lojas da 0.99£. Mas falo-vos do quadro que me ofereceu no verão de 2010, quando comprei a minha casa.

Nesse quadro está escrito "Home is where our heart is" e está rodeado de coelhitos muito Beatrix Potter! Tenho que pôr aqui uma foto dele. Tudo na minha casa está ligado a algo ou a alguém. Tenho fotos com ex-amores (agora grandes amizades) na praia, tenho loiça da minha avó onde ainda como, tenho uma ferradura e o porta-chaves ainda é o que os antigos proprietários me deram aquando da escritura (aliás, tirando a minha vizinha da frente) eu sou o único segundo proprietário de um apartamento naquele prédio que data de mil nove e setenta e um! O livro de actas das reuniões de condomínio é digno de estar na Torre do Tombo!!

Isto tudo para dizer que tenho o coração partido. Partidinho em vários pedacinhos, e cada um deles está em casa de um amigo meu porque: "Home is where our heart is"!








Sophie Ellis-Bextor - Take me home

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

espero que em abril

chovam águas mil



Gene Kelly
- Singing In The Rain

mamãe eu quero

mamãe eu quero mamar

Longe vão os tempos em que o Carnaval era altura de festa para mim. Perdeu todo o interesse e não tenho por ele qualquer simpatia. Nada contra entenda-se, nada contra.

Mas este ano fui um folião do mais estranho que possam imaginar. Segunda à noite passeia enrolado numa manta, com uma gata a dormir ao meu lado, enquanto via as séries de televisão que fui gravando durante a semana. A Mafalda não consegue ler as legendas pelo que acaba sempre por adormecer aos primeiros minutos do Era uma vez.

Terça de Carnaval, essa foi passada a trabalhar (e muito). Seguiu-se-lhe uma merecida sesta, um jantar desta vez na cozinha mas sempre com a fiel companhia da Mafalda. Grandes conversas temos nós! E cedinho para a cama que hoje estou de regresso ao trabalho. No meio disto tudo fiquei sem saber se ontem foi feriado ou não.

 Uma coisa vos posso garantir, estou mortinho por Sábado à 16:00 para estar mais dois dias de sem fazer nenhum. Tarefa que me agrada cada vez mais. Só espero que esteja sol e pouco vento.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

morrer não é desaparecer

ou de como fazer desaparecer quem não nos quer bem


Eu sou daquele tipo de rapaz que manda mensagens por tudo e por nada.

"Estou a tomar o pequeno-almoço, entornei o leite todo."
"Vou-me deitar."
"Vi fulano x na rua e disse-lhe olá."

A maior parte das vezes fico sem resposta, o que não me incomoda. Sei que, no meu grupo de amigos, sou um dos muito poucos que vive com o telemóvel colado à mão e que envia mensagens às 4 da manhã. Aliás, nem sei como ainda não os perdi por tamanha falta de respeito por horários e privacidade. Sei que leem a mensagem, espero que sorriam e pensem "sempre o mesmo, este David"

Vamos supor que tenho 1000 SMS no telemóvel (número nada exagerado, garanto-vos): 750 são as que envio, 250 as que recebo. E vamos esquecer o e-mail, que esse então daria para mais uns bons três parágrafos. Sou assim, gosto de falar e de partilhar.

Há tempos, no entanto, decidi (com grande sacrífico) deixar de enviar as minhas mensagens sobre as trivialidades do meu dia a dia, mensagens de "bom dia alegria" e mensagens "soninho feliz"! Confesso que me magoou o reduzido número de pessoas que estranhou tal facto, apenas três ou quatro acusaram a falta dos meus disparates. A esses voltei a encher-lhes a caixa de mensagens com disparates, desvaneios, e inseguranças. Aos outros, nem lhes sinto a falta. É o ano do Dragão a trilhar-me o caminho! =)

Quanto à morte, esse assunto é-me tão familiar, infelizmente. Perdi a grande figura da minha vida há um ano. Todos os dias sinto a sua falta. Mas continuo a falar com ela, ainda não apaguei o número de telefone da minha agenda (deseja apagar Avó Mariana? - É pergunta à qual nunca diria sim). Sonho com ela, choro a sua ausência mas sei que nunca me abandonou, tal como eu nunca a abandonei a ela. A essas pessoas sim, sinto-lhe a falta todos os dias. Acordo e dou-lhe os bons dias e, em intermináveis monólogos, conto-lhe tudo o que de bom e mau se passa na minha vida. Apenas sofro com a ausência de resposta, dos seus sempre tão sábios e acertados conselhos.

Vó, se no céu a ligação à Internet for boa, este é para ti.

PS: Quantas e quantas vezes ela me ligou em pânico porque a torre do PC tinha uma luz acesa... Isso deixava-a louca! Era essa luz e o facto de, que eu sou rapaz do MS/DOS, eu dar pouco uso àquela coisinha pequena (o rato). Se não me fazia falta porque raio tinha eu um.

A saudade é cada vez maior, estou sentado e imagino-te (enquanto choro) a beijar-me a testa como sempre fazias. "E não fiques até tarde a ver televisão!" (tarde eram as 22 horas!)

Amo-te muito e fazes-me muita falta.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

"se os nossos sentidos fossem perfeitos...

...não precisávamos de inteligência; nem as ideias abstractas de nada nos serviriam."



Há coisas que são tão imperfeitas. Esta fachada é uma delas. Por mais estranho que vos possa parecer é das minhas fachadas favoritas de toda a Lisboa. Não é a mais bonita, não é simétrica, não está ladeada de lindos jardins nem muito menos fica numa grande alameda preenchida com grandes copas de árvores.

Faltam-lhe azulejos, tem dois "respiradouros" que a deformam e nem mesmo o sol a beija e abraça de forma uniforme. Mas é nestes pequenos grandes defeitos e na sua surpreendentemente simples graciosidade que reside toda a sua beleza.






Samuel Barber - Adagio for Strings, Op. 11


A Imperfeição dos Nossos Sentidos
"Se os nossos sentidos fossem perfeitos, não precisávamos de inteligência; nem as ideias abstractas de nada nos serviriam. A imperfeição dos nossos sentidos faz com que não concordemos em absoluto sobre um objecto ou um facto do exterior. Nas ideias abstractas concordamos em absoluto. Dois homens não vêem uma mesa da mesma maneira; mas ambos entendem a palavra «mesa» da mesma maneira. Só querendo visualizar uma coisa é que divergirão; isso, porém, não é a ideia abstracta da mesa."
Fernando Pessoa, in 'Ricardo Reis - Prosa' [aqui]

fado português

e mais não digo que já aqui falei do fado




Amália Rodrigues - Fado Português

o facebook saiu à rua

ainda se fazem coisas lindas em Portugal, eu também quero fazer algo assim


Carlos do Carmo - Lisboa menina e moça

domingo, 19 de fevereiro de 2012

a chinesa é que sabe

mas não me deixou tirar fotos dentro da loja






Já há muito tempo que não fazia uma das minhas solitárias maratonas fotográficas (que acabou numa excelente tarde com amigos). Peguei na minha máquina e armei-me em turista e lá fui eu para Lisboa. Sem destino, como sempre! Tenho uma série de fotos (modéstia à parte) lindas de morrer para publicar aqui mas essas requerem um texto muito mais trabalhado que este.

Mas esta foto tem uma história muito gira:

Entrei numa loja de chineses (não daquelas que há por todo o lado, uma à séria) maravilhosa, na Rua Bairro Queirós (Junto ao D.ª Maria). Meti conversa com a chinesa da loja que descontraidamente comia bolachas mas que se apressou a guardar a embalagem assim que falei com ela! Perguntei-lhe por símbolos do signo galo e disse-lhe:

Eu - "Galo, que é o meu signo chinês!"
Chinesa sorridente - "Ano passado mau, este ano bom!", acertou e vaticinou!
Eu - "Mas este não é o ano do Dragão!?", disse-lhe eu armado em entendido em astrologia chinesa!
Chinesa sorridente - "Sim, mas vai ser bom ano para galo. Este e o próximo! Dragão e touro [queria dizer búfalo cujo ano, pelo que entendi, vai preceder ao Dragão] são os protectores do galo. Dragão, touro e cobra [seria, neste caso, serpente]."

E eu fiquei sem resposta. Sou galo de signo chinês, touro de signo "normal" e tenho um dragão e uma serpente que são dois pilares muito importantes na minha vida!

Não sou de dar conversa a estranhos sabe quem me conhece, mas esta durou cerca de meia hora. Não vos sei explicar, foi mágico. Sim, mágico é o único adjectivo que me ocorre neste momento. Saí de lá com um galo e um dragão, o búfalo e a serpente compro para a próxima. Isso e um maneki neko!

sábado, 18 de fevereiro de 2012

as pessoas que me fazem chorar

amo-as do fundo do meu coração*


Vamos partir do princípio que as ciências do oculto (nunca me ocorre nenhum outro nome melhor e mais bonito para denominar tal realidade) são mesmo verdade. E olhem que, desde há uns meses para cá - cerca de três, praticamente todos os dias dou de caras com mais um ou outro motivo para acreditar que realmente o são. Deus, os Anjos, o destino, os planetas ou o que lhe quiserem chamar têm-se encarregado de o provar ou de, pelo menos, me levar a questionar a possível existência de tal mundo. Faço figas para que seja mesmo verdade é que todos os especialistas da área auguram um excelente ano para os nativos de touro.

Nasceram, num muito curto espaço de tempo, ligações tão fortes e tão especiais com pessoas cuja existência me era totalmente desconhecida há um ano e qualquer coisa... Só mesmo o sobrenatural o pode explicar. Só mesmo em algo superior a nós pode residir o motivo para tais acontecimentos.

Mas se pensam que venho para aqui (mais uma vez) armado em Wikipedia e falar que nem uma matraca sobre a minha vida e sobre as coisas que me impedem de dormir ou que me fazem sorrir estão redondamente errados.

Tenho dois desafios a fazer-vos mas lamentavelmente, este é um blogue muito pobre e a publicidade ali ao lado nem dá para pagar as contas cá de casa, sem qualquer outra recompensa para vos dar a não ser a minha gratidão. Amizade e simpatia são privilégios reservados a muito poucos, não abusem.

Desafio número um *rufo de tambores*: estão a ver o aspecto do blogue? O tipo de letra, a ordem como as coisas estão arrumadinhas, as cores, etc. Está lindo, não vale a pena perderem o vosso tempo a dizerem-me o que já estou fartinho de ouvir! (ou então são livres de encher a caixa de comentários com tais elogios, é como melhor vos aprouver) Mas o que eu queria mesmo, mesmo, mesmo mas mesmo era um banner para ter no início da página! E é este o primeiro desafio que tenho para vos fazer. Um banner! A única condição é manterem o fundo branco e a cor da letra, tudo o resto deixo ao vosso critério. (E vai ser hoje que vou ter a confirmação de que ninguém lê isto, que escrevo para o boneco e que se estão todos nas tintas para o meu blogue quanto mais para o facto dele ter ou não um banner).

Desafio número dois *novo rufo de tambores e outra estrela do cinema sobre ao palco com um envelope dourado*: qual é o/a melhor astrólogo/a ou tarólogo/a (ou lá o que quer seja que) que conhecem. É que se é para acreditar que os dois parágrafos diários que aquela gente escreve são realmente verdade, ao menos que leia os melhores.

Também tinha um terceiro desafio, mas isso fica para depois.



* Não, não estou a namorar nem loucamente apaixonado, estou aqui livre mas grato e *superlativo de superioridade* feliz.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Eu queria escrever cartas de amor assim



"Eu amo-te sem saber como, ou quando, ou a partir de onde. Eu simplesmente amo-te, sem problemas ou orgulho: eu amo-te desta maneira porque não conheço qualquer outra forma de amar sem ser esta, onde não existe eu ou tu, tão intimamente que a tua mão sobre o meu peito é a minha mão, tão intimamente que quando adormeço os teus olhos fecham-se."

Pablo Neruda, in "Cem Sonetos de Amor"

a criança que amanhã vai morrer de cancro

ou o jovem cujo nariz tem mais tubos que carros na segunda circular






É isso e "faz like ou partilha e ganha um iPhone"

Desculpem lá, mas sou só eu que acho que aquilo é MENTIRA!!!! Como diz o meu amigo Paulo: "Pelo amor da santa!" Acreditam mesmo que se publicarem uma foto dessas a criança que mora na aldeia mais isolada da China e que, muito provavelmente nem tem Internet, vai ser salva pela empresa X ou Y?! Acreditam?!? Pois fica o abre olhos (salvo uma ou duas excepções, está claro) não passa tudo de uma grande aldrabice!!

Quanto às fotos de animais e crianças maltratadas ou mutiladas ficam já a saber que me dou ao trabalho de as denunciar todas por "violência gráfica". E, peço-vos encarecidamente, eu também conheço o 9gag.com e outros sites que tal. Que partilhem uma ou duas coisas que achem realmente engraçadas tudo bem, mais que isso é inundar o meu mural de tralha e, quero crer, roça o plágio. Já para não falar na tremenda falta de originalidade.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

os meus melhores amigos

e isto é a mais pura das verdades


São pequeninos como um grão de arroz, um é cor-de-rosa e o outro é amarelo e castanho. Estão sempre presentes e sou muito feliz com eles! Só é pena não serem malta muito dada aos copos nem às saídas ncoturnas, são mais do tipo de ficar em casa. Mas ainda bem porque foi esse o concelho que me deu um astrólogo ali prós lados do Colombo: "o Sr. tem de acalmar, levar uma vida calma e sem stress".

É oficial, começo a acreditar nas ciências do oculto, nas previsões astrológicas, etc. e tal. Agora só espero que tal ciência não me desiluda!

tarefas domésticas

ou como devo estar grato por ter tanta roupa


Nos últimos tempos tenho-me dedicado muito pouco às "lides domésticas" (isto lembra-me sempre touradas). Resultado, ou na próxima folga me dedico a lavar roupa ou tenho de ir comprar mais! É que, senhoras e senhores, a minha vida é um pouco como o PSI20: sobre durante uma semana e crasha durante três semanas consecutivas. Acordo, vou para o trabalho, volto para casa e durmo. Isto deixaria muita gente feliz mas a mim não!

A única hipótese que encontro será pedir uma baixa médica (ainda se subornam os médicos de família com ovelhas e galinhas??)! Assim, a minha vida passaria a ser: levantar-me, passar o dia no sofá e voltar para a cama. Com a vantagem de que não tinha a obrigatoriedade de fazer a barba! Descansem meus anjos, o banho diário e os outros rituais ligados à higiene seriam assegurados. E ocorre-me agora outra vantagem, já viram o quão mais reduzida seria a quantidade de roupa que tenho para lavar. E para que tudo isto fosse perfeito, alimentaria-me de pizza: era só ligar e encomendar!

Ah, e ainda há quem diga que eu sonho muito alto e peço demasiado da vida.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

porque o latim

também é uma língua muito traiçoeira



vir trabalhar com sono

é tão bom como combinar uma noite romântica no mesmo estado


Pá, hoje estou aqui a trabalhar só com um olho aberto! É quase tão mau como quando me convidam para lanchar, almoçar ou jantar no preciso momento em que estou a terminar de comer. A sério! Estão a ver o relógio ali no fundo do ecrã, do lado direito? Ia jurar que o meu está parado. Se, a isto tudo juntarmos um local de trabalho quentinho, uma cadeira confortável e boa música... podia estar no céu mas não estou.

O mais aborrecido disto tudo é que quando chegar a casa vou poder fazer isto tudo! No entanto, por essa altura, duvido seriamente que me mantenha acordado mais de cinco minutos e mal dou por ela é hora de acordar e voltar ao trabalho.

Os problemas do primeiro muito são cada vez mais e piores mas não vejo associações preocupadas com este flagelo, fotos chocantes no facebook a apelar à partilha de tal situação e muito menos partidos políticos interessados neles. Vou arranjar umas quantas assinaturas e enviar para a Assembléia da Republica uma petição para a implementação imediata e obrigatória da hora da sesta. Olhem os espanhóis, fazem-na há anos e não se têm saído nada mal.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

e pronto

é um bocadinho como o natal e a passagem de ano


Um tipo vê videos deprimentes, come chocolates, maldiz a sina durante toda a noite (o pior são os filmes na TV, os corações e ursos-idiotas-que-dão-vontade-de-pontapear-violentamente). Vai para a cama e já está, este ano já despachei mais um dia dos namorados. Com a grande diferença que não temos nem presentes para abrir nem passas e álcool para festejar.

Sou da opinião que, se há um dia dos namorados, também deveria haver um dia dos "encalhados". Sim, os Costa Concordia desta vida também deveriam ter direito de pedir uma mesa para um e ninguém achar estranho...

Pronto, hoje estou um pouquinho amargo mas isto amanhã passa-me.



Hoje é o dia nacional do “ewwwww”

e do piroso

Mas confesso, o que eu queria mesmo era receber uma caixa de chocolates pela manhã. De preferência hoje mas, se não vos aprouver, sempre posso atrasar o calendário e amanhã (ou depois disso) fazemos de conta que é dia 14 de fevereiro. Vá, não se acanhem, qualquer sortido da Nesltlé me fará feliz!

Feliz dia de S. Valentim =)

Sia - Soon We'll Be Found

domingo, 12 de fevereiro de 2012

sábado, 11 de fevereiro de 2012

eu sei lá

se é os chineses ou o caralho*

Neste caso é mais eu sei lá se eram inglesas, americanas ou o caralho, que eu não sou muito bom com sotaques.

Vila de Sintra, um grupo de corpulentas mulheres tira fotos junto a um busto do Eça:

- He looks like Roosevelt!
- Oh! You're right, I didn't know he was portuguese!

* isto é delicioso, quase melhor que um xanax

estimada Patrícia Bernardo

espero bem que não estejas enganada! e continuo à espera que alguém me leia o mapa astral!



Tarot Cigano - Touro 2012

por Patrícia Bernardo
Carta n.º 24 (Os Sentimentos), Carta nº 8 (As Perdas), Carta n º 36 (A Vitória)

Geral: Para o nativo Touro, 2012 será um ano marcado por novos desafios que levarão a algumas mudanças pessoais e até profissionais. Durante este ano, a tendência é para se afastar de algumas pessoas, mas também de reatar com pessoas do passado. Aconselha-se prudência, pois embora esteja com uma grande capacidade de perdoar, é bom que faça uma pequena análise a fim de descobrir se realmente mudaram ou se mais uma vez, estão apenas a representar um papel que não é o delas. Em 2012, é muito importante que use a cabeça, evitando agir por impulsos. Deverá contrariar esta tendência que será marcante. Não siga o conselho dos outros! Deverá, em primeiro lugar, analisar todas as ideias e só depois, tomar uma decisão. Se o fizer, só terá razões para sorrir!

Amor: Se está num relacionamento, durante este ano vai querer saborear o verdadeiro sentido da paixão. A parte emocional pesará muito em todas as suas decisões. É provável que sinta que está mais aberto quer ao diálogo quer na forma como se relaciona com os outros. Estará com uma grande dose de sensualidade, pelo que deve tomar cuidado pois é necessário que saiba usá-la em seu benefício, mas sem ferir os outros. É provável que alguém do seu passado venha a criar sentimentos confusos. Não se deixe abalar por este fato e lembre-se de quem o ama realmente, pois assim conseguirá ultrapassar todos os obstáculos. Para os que estão sós, viverão várias experiências, mas sem capacidade de se prenderem. Os nativos de Touro descomprometidos estarão este ano mais preocupados com a vida profissional e com os amigos e a família. Todavia, chama-se à atenção de que poderá haver uma pessoa do signo Gémeos a entrar no seu coração. 

Trabalho/Finanças: Começará o ano de uma forma um pouco agitada e irrequieta. Contudo, não haverá nada que não consiga resolver com a sua astúcia e intuição. Ambas irão marcar o seu percurso profissional, de forma muito positiva. Irá colher tudo o que plantou, o que o deixará radiante. Contudo, aconselha-se a que tenha alguma prudência, pois estará mais gastador do que é habitual. As parcerias dentro e fora do país são uma hipótese a ter em conta, assim como as sociedades com pessoas da sua confiança. No meio do ano, é provável que tenha ganhos inesperados, quer a nível de venda de algo ou alguma herança. Em suma, 2012 convida-o a encontrar o equilíbrio e o meio-termo.

Saúde: Durante 2012, é muito importante que faça uma análise ao seu estado de saúde, pois a tendência é para que se sinta mais cansado e mais stressado. A alimentação será algo que não deve de forma nenhuma descurar ou poderá vir a sofrer consequências que apesar de não provocarem grandes danos, devem ser tidas em conta.

Flor: Girassol
Pedra: Quartzo-Rosa
Números da Sorte: 4,8,11,14,10,21,35
Amuleto: Estrela
Cor da Sorte: Azul-céu, Verde-esmeralda
Provérbio:O que vale é que a vida não é o ponto de partida, mas sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim, terás o que colher”.

Patrícia Bernardo
Tarot Cigano, Astrologia, Radiestesia e Terapia da Mente
Tel: 96 413 60 80 / 96 413 60 80

olá bom dia, como está?

vai-se andando, o pior é o frio

Ainda não me decidi se gosto mais de escrever poucas entradas com muito texto se muitas entradas com pouco texto. É um pouco como o café com sabor a cereja da Nespresso. Gosto muito, quando não há ristretto!

o trânsito matinal dos sábados

ou como eu perco a paciência com os condutores de fim-de-semana

Tal como as corpulentas velhas que se arrastam pelos passeios, cuja velocidade diminui proporcionalmente em relação à largura e à quantidade de obstáculos no passeio. Ou como aquelas pessoas que escolhem os corredores dos supermercados para trocar dois dedos de conversa. Os condutores dos sábados de manhã (sim, porque já não trabalho aos domingos mas dos sábados não me livrei) são uma espécie que devia desaparecer.

É sábado, está frio, saio de casa o mais tarde possível e quero fazer o percurso até ao trabalho o mais rapidamente possível. Mas não há nenhum santo sábado em que não apanhe um ou mais carros em "velocidade passeio".

"Saiam da frente pá!"

Eu até nem sou rapaz para acordar mal disposto mas isto tira-me do sério. Convenhamos que ando com o rastilho curto, muito curto. Sabe Deus e sei-o eu. O meu sefl control já conheceu melhores dias! Ultimamente, fruto de vários motivos que agora não interessam nada, passo a maior parte do tempo a pensar "calma, calma David. As pessoas não têm culpa." Mas sou-vos honesto, ou as coisas melhoram ou começo a distribuir chapadas a torto e a direito.


Amália Rodrigues - Primavera
"quem me dera, quem nos me dera"

world press photo 2011


sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

a única coisa amarga na minha vida

foram as formigas que, certa noite de verão, comi inadvertidamente


Muito gozo me dá andar por casa ou por sítios que conheço relativamente bem às escuras. Na casa da minha avó minha casa sempre, mas sempre, que podia ia para todo o lado sem acender a luz. O mesmo se passou numa quente noite de verão alentejana. Eu sabia muito bem onde estava o mil-folhas que queria comer e não vi qualquer necessidade nem utilidade em acender a luz para o ir buscar e, muito menos, vi tal necessidade quando chegou a hora de o comer. E Deus lançou a sua ira sobre mim e eu aprendi, não da melhor forma, que a gula é mesmo um pecado.

Primeira dentada no (até aquele dia) muito amado mil-folhas e fico com a boca cheia de formigas. Desagradável meus amigos, muito desagradável. Desde essa noite, de cada vez que alguém se queixa que está com um formigueiro numa perna ou num braço e que muito provavelmente está prestes a sofrer um ataque cardíaco, vem-me à memória aquela amarga noite de verão.

Mas, apesar de tudo, não guardo qualquer rancor aos minúsculos bichos. Se bem que os que eu comi devem ter tido um final de vida nada agradável: "Mal do bicho que passa pela goela de outro!" diria agora a avó Mariana.

Esta introdução toda tem um objectivo, juro-vos (sim, foi só a introdução que muito provavelmente será maior que o resto desta entrada)... falo muito, eu sei.

Apesar das entradas anteriores não terem uma deliciosa e delicada camada superficial de chocolate, nem recheio de doce de ovos (ou lá o que quer que seja com que se recheiam os mil-folhas) a minha boca de amargo nada tem!

Já não são os doces que me adoçam a boca, ou pelo menos não são os principais responsáveis! A minha vida madrasta, de que me queixei uma ou duas entradas antes, encarregou-se de me rodear pessoas deliciosas. Talvez por estar consciente da sua clara negligência e do abandono a que me votou, lavada por sentimentos de remorsos por me ter tornado tão antipático e amargo!

Era esta a conclusão a que queria chegar hoje. E, verdade seja dita (aproveito para citar mais uma vez a minha querida avó, agora que se aproxima a dolorosa data) "não há fome que não dê em fartura", é que hoje já escrevi por todos os meses que, também eu negligente, votei este blogue ao abandono e à amargura de que padecem os "deslargados" da vida.

qualquer dia

até isto paga imposto


Tivesse eu um euro por cada desilusão que sofri no último ano e meio e, certamente rico não estaria, mas tinha mais uns trocos na carteira.

Mas lá está, a vida deu-me um pai, duas mães, três avôs, três avós, um padrasto e duas madrastas. Sendo que das últimas, uma é a actual mulher do meu pai e a outra é a minha própria vida. Não me dou bem com nenhuma das duas.

São um bocadinho como as doenças crónicas: passamos a vida a lutar contra elas mas estão sempre lá. Não há nada a fazer! Vamos ter de viver com elas até ao fim dos nossos dias.

coca-cola

sensação de viver


O que mais gosto de fazer quando bebo coca-cola é, numa avidez e num verdadeiro acto de masculinidade,  beber de um só trago todo o conteúdo de um copo bem cheio. Até as lágrimas me virem aos olhos e o gás me chegar ao nariz. É isto e encher a boca de batatas fritas gordurosas e molhadas na gema de um ovo estrelado. O problema é que, sendo eu um rapaz polidinho e educadinho, não posso eructar da forma sonora e pomposa que tais momentos exigem.

Isto leva-me, inevitavelmente, às zonas de restauração dos centros comerciais. Atenção que eu só cometo tais crimes de etiqueta na privacidade e no recato do lar! Mas estava a falar das zonas de restauração do centros comercias: se evito ao máximo fazer lá as minhas refeições, não posso deixar de confessar que me dá algum gozo ficar ali sentado, a comer o mais educadamente possível, e "apreciar" a fauna local.

Há os que comem ali porque estão entre compras ou têm pressa; há os que lá vão porque são demasiado preguiçosos para cozinhar (onde me incluo); e há os que fazem do passeio e do jantar no centro comercial um verdadeira acontecimento social/familiar! Juro que não entendo os terceiros.

Vestem o melhor fato-de-treino, de preferência com mocassins ou sapatos à foda-se, enchem o cabelo de gel e arrastam crianças e idosos pelos corredores. Depois é vê-los, sempre onde não devem! A demorar meia hora a "ver" revistas e jornais enquanto queremos dar uma espreitadela para as novidades da livraria; a cantar e mal as já péssimas música "em escuta" nas FNAC da vida; com um membro da família a ocupar um lugar na fila da caixa do supermercado enquanto o outro continua às compras. E, pior que isto tudo, crianças aos gritos e cheiro a transpiração!

She & Him - Lotta Love

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

ensaio sobre o ódio

puro e duro, como se querem os ensaios e os ódios


A mais cristalina das verdades é que, até há muito pouco tempo, nunca o meu ser (poço infinito de calma e tranquilidade) tinha nutrido por alguém esse tão feio e amargo sentimento a que chamamos ódio. Era coisa de que me gabava, nas conversas entre amigos e conhecidos, o mui nobre facto de nunca ter odiado alguém! Claro que há por aí uma mão cheia (ou várias, para ser verdadeiro) de badamecos por quem, resultado da minha alva personalidade, apenas tenho um profundo desprezo. (Atenção, sabem-no os mais chegados que não sou o tipo mais carinhoso e falador do mundo, o que quer dizer que lá por estar eternidades sem vos dizer nada, vos esteja a incluir neste circo de badamecos.) Desprezo e pena.

Como na minha vida tudo acontece abrupta e exageradamente, neste assunto também o destino se encarregou de adjectivar da mesma forma este meu recém chegado sentimento. Não é que o estapor, talvez num gesto de gradeza e generosidade neste momento totalmente incompreensível para mim mas que eu, mais cedo ou mais tarde, irei provavelmente agradecer, tratou de elevar ao cubo o meu ódio! É verdade, o destino presenteou-me não com o primeiro mas com os primeiro, segundo e terceiro ódios de estimação!

Ah *olhar louco enquanto esfrego as mãos em antecipação*!!!!!

Estão a ver aquelas pessoas que se vocês, sentados ao volante do vosso carro, vissem no meio da estrada vos causariam uma amnésia tal que, a vida tem destas coisas, confundiriam o pedal do travão com o do acelerador. Eu, qual personagem do mítico Carmageddon, teria pontos extra por atropelar três peões de uma só vez!!! 

Pelo sim pelo não, tenho limitado as minhas viagens de carro ao percurso casa-trabalho-casa, é que sou muito novo e (modéstia à parte) mal empregadinho para ir parar à prisão! A única prisão que me deixa feliz é a do Monopólio, sobretudo quando os adversários compram as ruas mais caras e as enchem com hotéis: malditos patos bravos de tabuleiro!

deixar de fumar

essa árdua e inglória tarefa

Servisse ao menos para me ajudar a ganhar peso, mas nem para isso se revelou de grande utilidade! Ter de abdicar do prazer que é acompanhar um café, depois de uma farta refeição, com um cigarro é O momento do dia do qual não me apetecia nada ter de abdicar.*

Mas, bem lá no fundo, o que me deixa mais preocupado é o facto de apenas padecer dos efeitos nefastos a que os abstinentes de nicotina se vêem condenados. A minha irritabilidade é tanta que aposto que os vendedores porta-a-porta da Vodafone e os muito simpáticos senhores do telemarketing da TMN não me voltam a incomodar tão cedo! Senhores, estou em sofrimento, tentem impingir-me os vossos serviços quando a abstinência já não se fizer notar tanto, lá para 2025!

Vale-me o facto de não ser a única abstinência de que padeço; é que não sei até que ponto a ausência da primeira se tornaria (ainda mais) insuportável sem a ausência da segunda.


* vale a pena uma visita à Wikipédia para ver a definição de prazer.


Henry Purcell - The Tempest / Air
Dry those eyes which are o’erflowing,
All your storms are overblowing.
While you in this isle are biding,
You shall feast without providing,
Ev’ry dainty you can think of,
Ev’ry wine that you can drink of,
Shall be yours and want shall shun you,
Ceres’ blessing too is on you.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

estou a fazer dieta

e, em duas semanas, engordei três kg

e, apesar dos fabulosos resultados e de estar mais perto do "Objectivo 65kg", não sei quanto tempo aguento mais a comer massa, arroz e batatas.

No entanto, sou uma pessoa melhor. Depois de uma dieta tão pouco variada tenho agora plena e total consciência do drama alimentar que se vive no Corno de África. Mais gordo e mais sensível, a minha vida aproxima-se do abismo a uma velocidade demasiado rápida.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

can you make it feel like home?






Lana Del Rey - Born To Die


Feet don't fail me now
Take me to the finish line
Oh, my heart it breaks every step that I take
But I'm hoping that the gates,
They'll tell me that you're mine
Walking through the city streets
Is it by mistake or desire?
I feel so alone on the fridays nights
You make me feel like home,
If I tell you you're mine
As like I told you, honey

A vida é como um saco de gomas

Quando pensamos que já acabaram há sempre mais uma!

Há dias falava com um grande amigo sobre a “morte” dos blogues. Em grade parte culpa do Facebook. Nesse mesmo dia decidi dar uma vista de olhos ao meu Google Reader e eis que, para além dos três ou quatro blogues que sigo regularmente, a vida continua na bloguesfera.

“Também quero!” – pensei.

Durante vários dias pensei sobre como trazer de volta à vida o meu blogue, pensei em terminar com ele e começar outro. Queria que a entrada fosse triunfal ou então começar novamente do zero. Se entradas triunfais (pelo menos das boas) não são o meu forte, deitar fora tudo o que aqui está guardado também não me pareceu muito boa ideia. “Pois, então voltarei pouco triunfalmente.” – decidi. E eis que volto a pegar neste blogue, e podem agradecer ao meu amigo e a (mais uma) agradável e frutífera conversa que tivemos. Bem, na verdade, também lhe podem rogar pragas, se não vos agradar esta Fenix.

Esta entrada é dedicada a esse amigo. Não só como agradecimento pelo renascer virtual, como por tudo (e acreditem que não é pouco) que tem feito por mim.